Cultura e Memória na Literatura Portuguesa

Hélder Garmes
José Carlos Siqueira



Se todas as nações são marcadas pela própria a história, Portugal o é de um modo especial – tanto que a saudade (que se liga à memória) é considerada o sentimento nacional lusitano. Dessa maneira, alguns episódios da saga portuguesa, em sua glória e decadência, vêm sendo reinventados na literatura a cada nova geração. Desde os grandes descobrimentos que fizeram do pequeno território o primeiro país da era moderna até o desmantelamento do império colonial em África, já na segunda metade do século XX, temos em Portugal uma literatura que sempre dialogou com a história – o que é ainda mais instigante neste momento em que tanto se discutem as relações entre a ciência da história e a narrativa literária, o fato, a ficção e as figurações artísticas.
Assim, para tratar desse estimulante panorama, os professores Hélder Garmes e José Carlos Siqueira, da Universidade de São Paulo, abordam as várias fases do império português, o episódio de D. Inês de Castro (que rendeu o popular bordão “É tarde, Inês é morta.”), o mito sebastianista (em que o messianismo adota uma versão puramente lusitana), o anticlericalismo que sempre esteve presente no Portugal católico, a saudade e o mar. Tudo isso segundo os poemas e romances de Luís de Camões (1524-1580), Florbela Espanca (1894-1930), Fernando Pessoa (1888-1935) e José Saramago (1922-), para mencionar apenas os autores mais famosos.